A urbanização e os desafios modernos têm provocado mudanças significativas no estilo de vida, especialmente em alimentação e atividade física. Esses fatores contribuem diretamente para o aumento das doenças cardiovasculares, que são, hoje, a principal causa de morte no mundo. Neste cenário, a Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica (RCPM) se destaca como uma importante aliada, agindo tanto na prevenção primária quanto na secundária de doenças cardíacas. Por meio de intervenções não farmacológicas, a RCPM visa garantir que o paciente atinja suas melhores condições físicas, psicológicas e sociais.
Alterações Cardiovasculares ao exercício
A sobrecarga imposta pela atividade física ao sistema cardiovascular permite observar os efeitos fisiológicos tanto agudos quanto crônicos. Agudamente observa-se ativação do sistema simpático, levando a taquicardia, aumento da contratilidade cardíaca e vasoconstrição periférica, levando a aumento de retorno venoso, do débito cardíaco e da pressão arterial. Cronicamente, há uma melhora da capacidade aeróbica, devido angiogênese, melhora de disfunção endotelial, adaptações musculares, aumento da complacência dos ventrículos e da diminuição das resistências periféricas, além do aumento do tônus parassimpático. Ocorrem também adaptações hormonais, como alterações em níveis de GH, cortisóis e hormônios sexuais, levando à otimização de funções catabólicas, lipolíticas e neoglicolíticas.
Essas adaptações sistêmicas e periféricas contribuem para o controle dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares: hipertensão, diabetes, dislipidemia, obesidade, além da diminuição da ansiedade e depressão.
Indicações da RCPM
Originalmente voltada para a recuperação de pacientes pós-infarto ou pós-cirurgia cardíaca, a RCPM expandiu seu escopo. Hoje, é recomendada também para pacientes com insuficiência cardíaca, doenças pulmonares, hipertensão e outras síndromes metabólicas. A reabilitação, ao ser incorporada precocemente no tratamento, garante uma recuperação mais rápida e eficaz, além de prevenir complicações futuras.
Testes Ergométricos e Cardiopulmonares
Antes de iniciar um programa de RCPM, o paciente passa por uma avaliação através do teste ergométrico ou cardiopulmonar. Esses testes ajudam a identificar possíveis anormalidades cardiovasculares e a definir a intensidade adequada dos exercícios para garantir segurança durante a reabilitação.
Fases da Reabilitação
A RCPM é dividida em quatro fases, cada uma com objetivos específicos:
- Fase I (Intra-hospitalar): Iniciada após estabilização clínica, com exercícios leves para evitar os efeitos do repouso prolongado.
- Fase II (Pós-alta): Focada na recuperação do paciente, reeducação de estilo de vida e prevenção de novas complicações.
- Fase III (Condicionamento): Enfatiza o condicionamento físico e o fortalecimento do sistema cardiovascular.
- Fase IV (Manutenção): Visa a manutenção da saúde por meio de exercícios regulares, evitando recaídas e complicações a longo prazo.
Conclusão
A Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica tem um impacto comprovado na redução da mortalidade cardiovascular e na melhora da qualidade de vida. A implementação desse método deve ser incentivada, tanto por profissionais de saúde quanto por políticas públicas, para garantir que mais pacientes possam se beneficiar dessa abordagem transformadora.